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Gestalt-terapia

  • Foto do escritor: Jéssica  Laube de Andrade Lima
    Jéssica Laube de Andrade Lima
  • 20 de mai. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 27 de ago. de 2024


O vocábulo “gestalt”, de origem alemã, significa forma ou configuração, ou ainda “um modo particular de organização das partes individuais que entram em sua composição” (Perls, 1988, p. 19). Assim compreende-se que Gestalt corresponde a uma integração de partes, uma totalidade indivisível que apresenta a sua forma particular de ser naquele momento. Já a palavra terapia tem origem no vocábulo grego therapeia, que significa ato de curar ou restabelecer-se. 
sombra de duas pessoas conversando
A gestalt compreende que neste caminho terapeutico de buscar pela "harmonia da forma", do "equilíbrio" e da "completude", busca-se pela ampliação da percepção no aqui-e-agora das relações.
Sendo que, na abordagem gestáltica, a pessoa é considerada em permanente construção, a partir das relações que estabelece. As relações são incertas, na medida que não prevemos completamente como o outro irá interagir conosco, e vamos construindo uma dinâmica relacional, na ocorrência imediata da relação, que pode passar por mudanças a depender de como o diálogo irá se desenvolver.
Por esse motivo, existem diferentes relações e formas de interação com cada um que entramos em contato, gerando maior ou menor identidade, maior ou menor abertura, e que vão construindo maior ou menor prazer na interação, assim como maior ou menor crescimento.  
mulher sentada no sofá com um computador na frente
Nas abordagens existenciais, o ser se direciona ao crescimento pessoal de sua existência. Em um processo que compete mudanças ao percurso desse caminho de crescimento. Nada é essencial, ou seja, é possível haver transformações no modo de ser no mundo e com os outros e consigo mesmo.
Assim, a responsabilidade do terapeuta está em dar condições criativas durante o processo para a ativa investigação da pessoa sobre sua condição atual e suas possibilidades. A relação terapêutica é importante no sentido de ofertar um espaço seguro para que essa construção e crescimento seja facilitado através do conhecimento de si, dos outros e do mundo.
Neste sentido, o diálogo ocorre entre os atores: cliente e psicoterapeuta, que comunicam suas perspectivas, e as diferenças entre elas, trazem ao processo de experimentação a oportunidade de perceber sempre algo novo nas experiências daquele que traz seus sentidos e emoções vivenciadas.
pessoa escrevendo em bloco de notas
Aqui o objetivo é focar na consciência do cliente (Aware) de como está agindo e das transformações possíveis. Na mesma medida em que pode aprender a aceitar todo o processo e valorizar seu próprio percurso.
A Gestalt-terapia ressalta o que ocorre no aqui-e-agora mais do que no conteúdo, no que é falado. Enfatiza o que é feito, pensado e sentido no caminho da percepção da pessoa, no sentido de ampliar essa percepção.  Partindo desse ponto, a “cura” está focalizada no princípio de envolvimento do cliente com seu próprio percurso de crescimento pessoal e da implicação do terapeuta neste processo de construção: “O encontro entre o terapeuta e seu cliente é capaz de ativar poderosas forças restauradoras, que mobilizam a remoção dos processos obstrutivos do contato, corrigindo a interferência das barreiras e impedimentos emocionais que obstaculizam o crescimento do indivíduo” (Santos et al., 2020, p. 362).
Portanto, será através deste contato, de encontro consigo mesmo e com o outro, no aqui e agora, que irá direcionar a pessoa a estar cada vez mais próxima de ser quem se quer ser, da autenticidade do sujeito frente a suas escolhas, com responsabilidade, e encarar a liberdade de poder ser quem se é no mundo, ainda que com a angústia que também faz parte do processo.
mulher com os braços abertos em frente a uma paisagem
Com a escolha fiel, estaremos cada vez mais coerentes com quem somos. Por outro lado, ficaremos cada vez mais consciente das consequências que operam também dada a nossa liberdade em escolher.
Além disso, a Gestalt-terapia pontua a escolha aliada às possibilidades de cada pessoa para o momento, considerando as múltiplas esferas da vida humana. Dessa forma, considera o campo biopsicossocial, o organismo e o ambiente, seu contexto social e cultural, assim como o fisiológico, a cognição, motivação e a percepção. Não exclui nenhuma dimensão considerada importante ao desenvolvimento humano.
O presente texto teve por objetivo introduzir o leitor sobre alguns aspectos teóricos da proposta da Gestalt-terapia. Assim como tratar brevemente do seu funcionamento, com a importância devida para a relação psicoterapêutica, e o comprometimento das partes para que o processo possa se beneficiar e proporcionar melhores resultados. O principal objetivo está na ampliação de consciência (Aware) do cliente através do contato e diálogo, na procura pela autenticidade do sujeito frente as demais relações que estabelece em seu campo de contato com o mundo. Promovendo, via de regra, uma vida mais satisfeita e coerente com quem busca ser.

Referências Bibliográficas:
Perls, F. S. (1988). A abordagem gestáltica e testemunha ocular da terapia, 2ª ed. (trad. J. Sanz). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Santos, Manoel Antônio dos, Silva, Patrícia Francielly Araújo Lara, Nascimento, Lucila Castanheira, & Farinha, Marciana Gonçalves. (2020). Psicoterapia de abordagem gestáltica: um olhar reflexivo para o modelo terapêutico. Psicologia Clínica, 32(2), 357-386. https://dx.doi.org/10.33208/PC1980-5438v0032n02A08
Yontef, Gary M. Processo, diálogo, awareness (tradução de Eli Stern). - São Paulo: Summus, (1998).



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